os seios fartos de uma mãe-áfrica
dos que acalmam o primeiro choro
e derramam leite pelo Paissandu
Arranquei com as minhas mãos de peão
os cabelos de uma estudante virgem
das que usam meia-arrastão branca
e ocupam os telefones de toda a cidade
Cobri com os meus pelos escuros
a boca de uma vizinha miúda
das que chamam Edith ou Gertrude
e clamam sussurros por todo o cortiço
Escondi nas minhas rugas de macho
os olhos de uma bacante profana
das que carregam o tirso entre as pernas
e cavalgam nas trevas da Rua Augusta
Eu tenho um vestido branco de renda
guardado na gaveta do meu armário
Eu tenho mil mulheres diferentes
presas dentro do meu espelho
Artur Mattar
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